Geralmente as histórias começam com esta frase e acabam com "e viveram felizes para sempre". A história que eu tenho para vos contar é, talvez, uma precipitação da minha parte. Provavelmente, o mais sensato seria esperar pelo final da história para contar como acaba. Mas esta história é real, e eu ainda não lhe sei o fim, mas não está longe, e as etapas percorridas até aqui são igualmente dignas de realce, pelo que o final não será de todo o mais marcante.
Falo de uma história que começa em Agosto de 2010. Um grupo de pessoas, homens vestidos de azul e branco, são apoiados por milhares de outras pessoas, de todos os sexos, idades, classes sociais, que se vestem de azul e branco, precisamente para mostrar esse apoio. O objectivo destes homens: ganhar tudo o que havia para ganhar.
Se, à partida, se pensasse que se referiam às finais, aos grandes palcos onde se decide para quem vai a taça, cedo se descobriria que o "tudo", se referia a tudo mesmo. A cada jogo, a cada eliminatória, a cada mão, a cada estádio.
Mas falta explicar uma parte importante desta história. Estes milhares de apoiantes representavam mais do que um emblema, representavam um povo, que desde séculos tem que lutar mais do que os outros para se afirmar, para provar que pode ser tão bom, senão melhor (perdoem-me a presunção) que o que se afirmam donos e senhores do nosso país. Estes milhares representavam a cidade do Porto, a auto-denominada Nação, que durante décadas havia sido desportivamente encolhida, por vários motivos: porque não era da capital, porque não tinha os fundos que outros tinha e, em grande parte, porque não era conveniente que se elevasse.
Em Agosto de 2010 este grupo de representantes assumiu o compromisso de quebrar essa barreira, de mostrar que qualquer um é digno de sonhar e, porque não?, conquistar os seus sonhos.
Desde então, um campeonato nacional já foi ganho, a seis jornadas do final. Na final da Taça de Portugal está garantido um lugar a disputar por um clube de sigla FCP. A meia-final da Liga Europa promete, frente a um outro grande clube, depois de outros que foram já destronados pelo Dragão. Pelo meio ficou a Taça da Liga que, não tentemos tapar o sol com a peneira, veio danificar o sonho de ganhar tudo o que havia para ganhar.
Decerto, ainda nem tudo está ganho. Os mais fúteis dirão que, efectivamente, ganho para já só está o campeonato. A Taça da Liga já foi, A Liga Europa é mais um sonho do que uma realidade, pois será muito complicado chegar à final, quanto mais trazer a taça para casa. A Taça de Portugal pode parecer fácil, mas antes de 22 de Maio ninguém pode gritar vitória. Mas isso não importa.
Daí eu no início ter dito que o mais importante não é o final desta história. Para chegar aqui, muitos passos foram dados. Longos, difíceis, com tantos obstáculos pelo meio. Certamente mais do que incentivos. E, no entanto, aqui estamos, a quebrar recordes como o número máximo de pontos num campeonato.
Um dia, quando eu tiver filhos e eles me pedirem para lhes contar uma história com final feliz, eu vou contar-lhes o percurso do Futebol Clube do Porto na época 2010/2011. Contar-lhes-ei como um pequeno povo do norte de um pequeno país por espaçados períodos de noventa minutos esquecia crises económicas e outros grandes problemas, erguia com todo o orgulho um cachecol com um dragão e um símbolo mágico e sentia que, viesse o que viesse, já eram vencedores de tudo e mais alguma coisa.
Somos grandes, enormes.
E agora só falta ganhar o jogo de amanhã!!
ResponderEliminarEste ano é tudo nosso!!